Quem se mete com reveladores... (Parte II)

Dizia eu que andei a fotografar em slide, unicamente com uma objectiva de 50mm. O exercício foi do mais interessante que se possa imaginar - como aliás uma boa praxe é suposto ser - e suscitou-me várias reflexões.

1. Depois de três dias a disparar filme ainda não consegui ver-me livre do hábito imbecil (para quem dispara filme) de olhar para as costas da máquina na tentativa de ver se a foto ficou bem. Os "maus" hábitos demoram mais a perder-se do que a ganhar-se;

2. Duas coisas que noutros tempos não me ocupavam tempo de processamento mental, são hoje uma fonte de atrasos na minha acção: o avanço do filme e o foco. Vezes sem conta fico sem disparar, porque me esqueci de avançar o filme. Ao mesmo tempo, não páro de me surpreender por a imagem não ficar focada quando carrego no botão de disparo a meio gás. (Isto, claro, porque estou a usar uma máquina manual, como as que sempre usei.) Os "bons" hábitos demoram menos a perder-se do que a ganhar-se de novo;

3. Como não trago na mochila um número virtualmente infinito de disparos, nem eles são - discutivelmente - de borla, procuro que cada clique no obturador seja "a sério". Com a tensão de não desperdiçar fotogramas, acabo por disparar sem grande à-vontade nem espontaneidade. O resultado final é um desastre;

4. Descobri que o meu trabalho de composição se dá em dois tempos. Primeiro, através do visor, antes de disparar. Segundo, depois de disparar, através do LCD da máquina. Quando a imagem tem potencial mas há algo insatisfatório, corrijo e disparo de novo. Não é que isto seja intrinsecamente mau - estamos numa área em que os fins justificam os meios - mas o que eu gostava mesmo era de disparar logo bem, sem necessidade da segunda iteração. Acho que vou desligar o "review" na máquina digital, para ver se me habituo a trabalhar como se fosse filme;

5. Já tinha saudades de olhar através de um visor grande e luminoso. O da D70 não é nenhuma dessas coisas...