sexta-feira, julho 22, 2005

Fígado

Em casa sou gozado por andar sempre com o "fígado" (máquina fotográfica) atrás. Para onde quer que vá, seja uma simples volta ao quarteirão depois do jantar, seja um passeio de fim de semana pela serra, ou uma jantarada com pessoal amigo, lá vai o "fígado" ao ombro. Em talvez metade dessas situações (talvez menos) o "fígado" fica dentro do saco, mas sei que se alguma fotografia interessante me aparecer pela frente, posso apanhá-la, assim o permitam as minhas capacidades técnicas e artísticas.

Pois bem, há dois dias aconteceu o horror. Antes duma dessas voltas ao quarteirão depois do jantar, pensei "levo a máquina?" e decidi "que se lixe, também vou só ali ao virar da esquina olhar para o rio". O "fígado" ficou a repousar em cima do sofá. Aconteceu que nesses momentos de lusco-fusco:

1. A serra da arrábida (lamentavelmente) estava a arder e um denso fumo pairava sobre a Ponte 25 de Abril, transformando a vista de Almada e da margem Sul numa espécie de Mordor de tons violáceos;

2. Estava estacionado um porta-aviões à entrada do Tejo e um número elevado de cacilheiros andava (aparentemente) a transportar pessoas de e para lá;

3. A lua cheia estava a nascer de algures por entre as brumas de Mordor, gigante, por estar no seu ponto mais próximo da Terra desde os últimos muitos anos (qualquer coisa como uns escassos 375 mil km, se não estou em erro).

Tanta coisa a acontecer à minha frente e eu com o "fígado" em casa, incapaz de provar que nenhum destes factos iria dar uma única fotografia de jeito.

1 comentário:

Anónimo disse...

hehe, eu tb tenho essa mania de andar a carregar a máquina e cada vez que saio sem ela acho que estou a vencer a doença... ontem fui a uma esplanada nova com uma vista fantástica e pensei: "bolas, bem podia ter aqui a máquina" e deixei-me ficar recostado...hoje fui verificar e ando a carregar a SLR na mochila à mais de uma semana sem saber...